sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A Rainha das Mulatas


Feche os olhos e imagine um amplo pátio calçado de pedras em noite de lua cheia. Imagine um grande número de pessoas reunidas em ambiente de alegria festiva. Violão e cavaquinho enchem o ar com acordes vibrantes de música crioula, alguns ensaiam tímidos passos de dança.O clima é o dos rituais pagãos de adoração e celebração pela vida. Então imagine uma mulher. Ela salta para o centro da roda do samba, atraindo todos os olhares com o movimento lasso dos quadris. Tem longos cabelos escuros e curvas generosas. Exala vitalidade e graça irresistíveis, dança como um animal furioso. Uma mestiça. Uma mulata cor de canela e pecado, de sorriso largo desconcertante, cheirando a cio com eflúvios de cumaru. Um feitiço feminino, sinuoso feito serpente, prometendo o paraíso. Requebrando frenética, ela hipnotiza os expectadores e os incita a delírios de gozo quase carnal, arrancando aplausos e gritos rubros, como se brotados do sangue. Sob as palmas cadenciadas, ela vai acelerando, acelerando, prestes a explodir. É capaz de atear fogo às veias dos homens e roubar-lhes a alma pelos olhos. Pode revolucionar o viver e o sentir apenas com um meneio do ventre liso e dourado. É capaz de destruir uma família e recompensar com a loucura. Um demônio, um veneno, que penetra por todos os buracos do corpo, que faz lânguido o mais diligente dos homens, que transforma o mais manso em assassino. Imaginou? Essa, meu amigo, é a Rita Baiana.

Rita Baiana é um dos personagens mais notáveis da literatura brasileira. Filha do realismo naturalista, é escrita com uma riqueza de detalhes visuais e sensoriais incríveis. Forte, apaixonada e politicamente incorreta, é absolutamente impossível não adorá-la. Sedutora e consciente de seus encantos, é maliciosa e faminta de vida, um diabo de saias. É sem dúvidas, a alma de O Cortiço, de Aluízio de Azevedo, embora não seja a protagonista. Ela não aparece desde o começo e nem está presente no fim, mas rouba a cena em sua aparição fulminante. Escrita em 1890, é uma mulher a frente de seu tempo. Ama a quem lhe aprouver, da forma que melhor lhe parecer. É deliciosamente livre e despida de amarras e preconceitos, é como a maioria de nós queria ser. É mulata decidida e generosa que enfrenta a vida de peito aberto, disposta a sofrer e gozar com a mesma intensidade. Fiel aos seus gostos e às suas paixões, a elas se entrega por inteiro.

É o símbolo da brasilidade quente que penetra na alma lusitana de Jerônimo, o português enamorado, e varre toda a nostalgia d'além mar que havia nele. Caído pela mulata, ele abandona mulher e filha, abraça a vida boêmia, contrai dívidas, perde a força moral e chega a ponto de matar um homem com um pedaço de pau. "Isso não é mulher, é uma desgraça", você provavelmente pensará. Mas para ele, o amor da Rita é insubstituível e justifica tudo. Nos braços dela, tudo adquire uma cor fulgurante e fantástica, não dando margem a lamentações, arrependimentos e nem dores. Ele a venera, satisfaz todos os caprichos, arde e morre por ela, se preciso for. Passa por todos os dissabores e tormentas, mas não lhe tirem a Rita, que sem ela não pode mais viver. Como vício destrutivo, como doença, ela é a seiva que o alimenta, a força que o impulsiona. Torna-se cativo por gosto e por vontade.

Rita Baiana é a personificação do melhor e do pior da mulher, com toda a magia e a ruína que lhes é peculiar. Mas não uma mulher comum, e sim uma dotada do orgulho e da beleza da raça negra da qual descende, aliada à ferocidade da mulher pobre que defende seu espaço e seu sustento. Ela transborda alegria e sensualidade, é corajosa, digna, guerreira - até as últimas instâncias, até à violência física - e essencialmente hedonista. Mas o mais marcante nessa mulher, assim como em toda a obra de Aluízio Azevedo, é que Rita Baiana é humana. Passa longe de qualquer heroína convencional da literatura brasileira, sempre tão cheia de Helenas (Machado de Assis) e Marílias (aquela de Dirceu), tão brancas, castas, atormentadas, frágeis, suspirantes. Ela não. Ela ri e se comove com o mesmo que todos nós. Tem seus momentos de egoísmo, de fúria, de mesquinharia, para logo em seguida abrir-se toda em generosidade ímpar. É amiga, companheira, carinhosa, brincalhona, devassa, inebriante. Mulher, personagem e símbolo inesquecíveis.

Lívia Santana
Uberlândia - setembro/2005
Imagem: Thalma de Freitas, autor desconhecido.

Maçã


Apenas um olhar, é o bastante. Uma simples sugestão é faísca suficiente para deflagrar o fogo que consumirá todos os limites e barreiras. A situação mais inocente é capaz de desencadear pensamentos lúbricos e acontecimentos tórridos. A tentação é serpente insidiosa que ronda incessantemente, acompanhando cada passo da presa, à espreita do menor sinal de fraqueza. O desejo subjacente deixa o ar eletrizado e incita ao pecado. O proibido acena sinuoso com promessas de concupiscência morna e sedutora. O momento decisivo é imperceptível, a presa nunca estaca em considerações sobre ainda ser possível retroceder – até porque, a esta altura, daria qualquer coisa para finalmente transgredir. Não há como perceber o momento exato em que a guarda é baixada e é dado o primeiro passo em direção ao abismo. A ruína chega como picada de inseto venéfico: silenciosa, veloz e urticante, e apenas o princípio do sofrimento. Aparentemente inofensiva, não atrai maiores atenções, nem suscita maiores cuidados, enquanto instala a devastação. Lentamente toma conta de cada veia e cada pensamento, imperiosa, insaciável. Os sintomas são insopitáveis, enlouquecedores. O sono é acompanhado de suores profusos e delírios turbulentos, a vigília é dominada por intensa consumição. Corpo e mente ardem por algo pouco definido, mas imprescindível, que corrói o juízo e pulsa vertiginosamente no peito. Algo que coça, inflama, prolifera por toda parte. Agonia vibrante e entorpecente, fustigando a pele e a entranha, assanhando as fantasias. Uma dor gostosa, clara escura, doce amarga, quente fria. Um oxímoro incandescente e enregelante. Feitiço voluptuoso que aprisiona o pecador e o afunda em embriaguez viscosa e salaz. Dura momentos eternos e inebriantes, mas, o que é quase paradisíaco e quase infernal, se converte em desgraça completa quando a transgressão é revelada. Por mais que o desafio tenha sido suculento e tenha provocado as mais sublimes sensações, a perdição é o destino daqueles que mordem a maçã.


Lívia Santana.
Uberlândia - setembro/2005
Imagem: autor desconhecido.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Prometeu


Não tivesse eu a consciência incansável a acusar-me sem trégua e nenhum exílio seria tão terrível, nenhuma sentença severa em demasia. Acorrenta-me mais o arrependimento pungente do que os grilhões que me prendem à pedra nua. Desnecessários, aliás, pois meu cárcere eu trago edificado no coração, não há rota de fuga possível.

Certamente são graves os meus crimes. Piores ainda por atingirem o ser mais digno de amor e honradez em que já pus os olhos. Razão teria em chamar-me monstro, o mal que lhe causei ainda se estampa na face. Recordo a vileza com que lhe traí os sentimentos e a confiança e sinto arrepios.
Abri as feridas mais profundas, provoquei dores atrozes. Conspurquei-lhe corpo e alma, envenenei-lhe os sonhos e a língua, destruí as certezas e referências. Fui a causa do vinco de amargura que lhe anuvia os olhos, do ceticismo cinza e estéril que lhe turva as palavras e os sentidos.

Revejo incessantemente suas lágrimas abundantes, transbordando vergonha e mágoa. Presenciei sua agonia e o choque foi suficiente para despertar-me do torpe torpor em que mergulhara. Atingiu-me desespero fulminante, não entendia como pudera cair tanto. Sufoquei de culpa, cambaleei ante a força do amor que me invadiu. Mas então era muito tarde, não havia mais volta.

A pena que me coube foi o degredo e, no cimo da montanha, expio meus pecados. Meu libelo, repetido continuamente pelo meu algoz, ecoa em meus ouvidos, inflingindo-me tortura impiedosa, causticante. Apenas experimento alguns momentos de alívio quando o abutre – bendito – vem bicar-me o fígado, todos os dias.

Lívia Santana.
Uberlândia - setembro/2005.
Imagem: autor desconhecido.

Na Chuva


Durante toda a tarde o vento rodopiou as folhas e as saias, anunciando chuva e, finalmente, na última hora de sol, ela chegou. Bendita. Sensação de liberdade e prazer indescritíveis. Como se energia liquefeita penetrasse em meus poros e iluminasse-me a entranha, sacudindo a vida em minhas veias. A forma perfeita de lavar a mente e o espírito, ficar leve como as nuvens depois que precipitam. Sob as gotas frias, virei criança de novo. O rosto afogueado, corri pela rua, chapinhei as poças, dancei e rodei, embalada pelo som do meu próprio riso infantil.

Então atentei prum elemento dissonante: eu tinha platéia. Um homem bem mais velho – eu tinha dezesseis – estava parado a alguns passos de mim, indiferente à chuva que ensopava suas roupas claras, olhando-me fixamente. Parecia confuso, chocado até. Sem saber por quê e sem me lembrar que também eu estava encharcada, proporcionando uma vista privilegiada através do meu vestido leve, me aproximei.

O olhar escuro, mesmo ligeiramente surpreso, ardia e hipnotizava, era impossível me afastar. Era alto, forte, tinha a pele morena e os cabelos pretos, entremeados de poucos fios prateados. Não chegava a ser bonito, mas era atraente. Ficamos nos encarando por alguns minutos, dissociados da lógica, até que ele fugiu, correndo sob a chuva, antes que eu pudesse esboçar qualquer gesto para detê-lo.

Nunca o tinha visto, não sabia nada sobre ele, sequer tinha ouvido-lhe a voz, e quisera detê-lo. Por quê? E por que ele tinha fugido? No fundo, era o que mais me intrigava. Sabia que o arrepio que tinha sentido na nuca nada tinha havido com a chuva. Aquilo tumultuou a minha noite, fazendo-me rolar na cama, insone e ansiosa. A sensação de ser observada, devassada pela curiosidade de um espectador nebuloso, permanecia e impedia-me de conciliar o sono. Além disso, o olhar do desconhecido continuava a me perseguir, chamando-me.

Passei os dias que se seguiram vasculhando a vizinhança tentando revê-lo, inutilmente. Ele tinha sumido, como se tivesse se escondido. Passei a esperar ainda mais ansiosamente que chovesse, na esperança dele aparecer e, realmente, o vi mais algumas vezes, sempre em dias de chuva e sempre fugindo de mim quando eu tentava me aproximar.

Aquilo já era idéia fixa, eu tinha que encontrá-lo, saber quem era, dar vazão à impressão tão forte que me causava. Estava obcecada por um estranho e senti crescer um desejo absurdo por ele. Meus sonhos crepitavam lascivos, sentia na pele o toque forte das mãos dele. Esfregava-me contra os lençóis tentando aplacar a sede através de gozo solitário, a agonia quase insuportável.

Dias depois, o sol já tinha se posto e o céu ia gradativamente assumindo um azul mais escuro, quando senti as primeiras gotas. Tinha me sentado na calçada, sentindo a chuva sobre a pele trêmula, imaginando se ele apareceria, quando o vi a alguns metros, olhando daquele jeito intenso, quase dolorido.

Em vez de tentar aproximar-me, despi o vestido molhado e encarei-o, desafiando-o a ser capaz de ir embora de novo. Hesitante, ele veio até mim e ajoelhou-se no chão aos meus pés, o olhar ainda atormentado. “Você é só uma menina”. Então era isso. Eu ri e arrematei: “Você não sabe de nada”. Coloquei a mão dele sobre o meu seio pequeno e senti a resistência dele ir por terra. Aquela disputa sob a chuva eu tinha vencido.

Lívia Santana.
Uberlândia - setembro/2005
Imagem: autor desconhecido.

Encenação (ou Pedestal)


É chegada a hora de encerrarmos a temporada, o público demonstra sinais inequívocos de enfado, toda a companhia está extenuada. A platéia já se tornou tão exígua que os parcos aplausos ressoam quase zombeteiros pelo vazio da penumbra...

(suspiro... ele esfrega os dedos pelo cabelo, num gesto confuso e furioso... abre um novo arquivo e começa a digitar febrilmente)

A angústia que me assola é tanta que nada consigo escrever além de textos melancólicos e desesperançados. Sinto uma sombra escura e pesada envolvendo-me o coração, que já não sabe como é não estar oprimido. Ando pela casa, sorumbático, suspirando de saudades, tentando me esconder dos olhos grandes, escuros e tristes dela.Ela. Ah, como eu a queria de volta! Daquele jeito doce que era, e que me emocionava por vezes quase até às lágrimas. O sorriso tão claro e franco, o olhar exultante que me dirigia toda vez que eu chegava, o encaixe perfeito do seu corpo frágil em meus braços. Ela era como um pássaro canoro, enchendo de vida e alegria a casa e a vida. Tudo parecia perfeito, eterno, eu nunca tinha sido tão feliz. E agora isso.

Quem porventura lesse estas linhas pensaria estar diante do desabafo de um viúvo ou talvez de um amante abandonado. Sinto-me um pouco como ambos e, no entanto, ela está bem ali, ao alcance de minhas mãos. E não sinto a menor vontade de tocá-la. Na verdade, não gosto mais dela. A cada dia gosto menos, se é que é possível, e sinto o enlevo escapar-me por entre os dedos lentamente. Eu a amo - oh, sim, amo muito! - por tudo o que vivemos juntos, tudo o que já fomos, o que já tivemos. E não temos mais. Já não consigo sentir ternura pelo som da sua voz ou da sua risada, como antes. Às vezes sinto mesmo indiferença. Seus olhares carinhosos já não significam nada, não são capazes de me tocar, e qualquer declaração de natureza amorosa resvala por mim sem produzir nenhum efeito.

Não que haja repulsa - ainda - apenas não me importo, a presença dela já não faz diferença. E ela sente isso. Como não sentiria, se sempre demonstrei paixão e a tratei com todos os mimos e agora, quando me dirijo a ela é para censurar-lhe por algo? Ela sente e vejo que não sabe como agir. Alterna entre crises de ressentimento e tentativas vãs de tornar ao que éramos antes. Está perdida, e nem mesmo me apiedo dela. Acuada, se fecha cada vez mais, o que tem o condão de me irritar e entristecer. Como é duro presenciar o fim gradual de tudo que era tão belo e incrível, como é terrível me sentir impotente! É tão estranho gostar menos de alguém à medida que se conhece... Quanto mais familiar ela me parece, mais me desagrada. A forma com que ela encara o mundo não se ajusta à minha, sou obrigado a reconhecer. Não é nem de longe a companheira que eu gostaria e não entende o que tento lhe dizer. Interpreta sempre da pior maneira, como se eu a estivesse atacando e, por isso, vive se defendendo. Tenho-me sentido numa trincheira. Basta que eu diga algo que possa soar ofensivo ou que a contrarie para que a batalha seja desencadeada.

Como é possível gostar menos a cada dia da pessoa que se ama? O conhecimento está matando meu amor? Por quê? Aquela a quem realmente amo, por quem me apaixonei, seria apenas uma imagem, uma idealização? Teria ela desempenhado um papel ao nos conhecermos? Teria me enganado? Ou eu mesmo o fiz? Procurei alguém que fosse aquilo que eu queria, que preenchesse as minhas expectativas? Estarei me sentindo frustrado agora por perceber as limitações da atriz que escalei para o papel? Quis esse tempo todo que ela fosse alguém que não é na verdade?

Mas só queria que ela fosse como antes! Tão linda, meiga, esperta, desejável e dócil!...Por que tinha também que ser egoísta, teimosa, suscetível e impiedosa com os meus defeitos? Por que ela tinha que me avaliar e me reprovar? Por que não podia continuar a me olhar daquele jeito apaixonado? Era tudo tão bom antes! Ela só precisava entender que tinha que se amoldar a mim para nos encaixarmos, para vivermos em harmonia! Como foi que a paixão se metamorfoseou em constrangimento? Por que agora o olhar dela é sempre tão triste? Onde foi que tudo ruiu? (...) Não sei. Fico pensando se há o que salvar ou se não passou de ilusão que durou tempo demais. Por que temos essa relutância em admitir o fracasso? Talvez seja o pânico de ver o tempo passar, de me sentir envelhecer e os relacionamentos falidos irem-se sucedendo inexoravelmente. Talvez a sensação de que nunca na verdade dará certo, que é impossível, estou fadado a ficar só. Que é tudo inútil e o melhor é desistir.

(suspiro)

A verdade é esta, não gosto mais dela, da pessoa que se tornou - ou que sempre foi e eu nunca enxerguei. Por que sempre temos que nos perder de quem amamos? Meu falecido pai, aquele amigo de infância que era eterno, cada mulher que já amei. Todos perdidos, inalcançáveis. Acho que estou até me acostumando. Ela me disse outro dia que a minha frieza a assusta, e acho que estou mesmo frio. Distante, indiferente, cético. Sei que ela julga impossível que seja obra de alguma rival - tenho mesmo que admirar a segurança dela - mas de certa forma está enganada. Realmente uma outra mulher ocupa o meu pensamento: aquela que ela costumava ser. É esta que tem deixado perdido o meu olhar, que tem povoado os meus sonhos. Fico me perguntando se ela existiu mesmo ou se foi criação minha. E em alguns momentos chego a ter a certeza de que sim, eu a criei. Era perfeita demais.

Lívia Santana.
Uberlândia - agosto/2005
Imagem: autor desconhecido

THE SHOW MUST GO ON


...então tudo morre.

Porque pra morrer basta estar vivo, e pra acabar, basta ter começado. E tudo o que passou fica na memória, enquanto esta não teimar em banir as lembranças pro fundo escuro do inconsciente...

Agora fecha-se o pano e apagam-se as luzes da ribalta. Os expectadores vão para casa.

E ninguém que testemunhou o espetáculo irá sequer suspeitar de que nos fundos, num camarim sórdido, em frente a um espelho lascado e marcado pela ferrugem, a atriz fita com os olhos vermelhos e inchados a própria imagem borrada pela maquiagem escura, enquanto chora silenciosamente, sofrendo, lamentando mais uma vez, o fim da história.

Lívia Santana.
Uberlândia - agosto/2005.
Imagem: autor desconhecido.
 
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