Sentada na sala de espera, Ana acariciava o ventre ainda não distendido. Pensava no ser em formação, pulsando dentro dela. Imaginava um berço com fitas e babados, pequenas roupas coloridas, montes de fraldas, chupeta, brinquedos de pelúcia. Lembrou do álbum de fotografias felpudo em que ela própria chorava com vontade e sorria brejeira, desde os primeiros dias de idade. Inúmeras fotos, de todos os momentos. Filha única, os pais tinham vibrado com cada manha e cada gracinha, sempre cobrindo-a de mimos. Tinha sido dezessete anos muito cômodos e felizes. Pensando na mãe, lembrou-se de comprar o presente de domingo. Ela adorava presentes, ficaria feliz sem dúvidas. O que dar a ela? Com certeza não um neto, estava fora de cogitação. A família já tinha o bebê Ana, não precisava de outro. Desviando a atenção dos pensamentos, sorriu prá atendente vestida de branco - chegara a sua vez. Decidiu. Procuraria um presente bem especial prá mãezinha, logo depois da intervenção.
Lívia Santana.
Uberlândia - 05/2005
Imagem: ultrassom, autor desconhecido.
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