sexta-feira, 23 de maio de 2008

(In)Constância


É notável o quanto a realidade está sempre aquém da imaginação, seja em negras ou douradas construções. Entregue aos devaneios e piruetas da mente pouco linear, sempre pinto em cores carregadas, berrantes, luminosas - exageradas - os fatos e as possibilidades. O que imagino é sempre pior, o que idealizo é sempre bom demais para ser alcançado. Monstros embaixo da cama agigantam-se, gostos se tornam insossos, sensações pífias, sentimentos irrisórios. Confrontadas realidade e fantasia, é inevitável que a primeira leve a pior e faça ruir tudo o mais construído sobre a idéia falaciosa. Os escombros de ilusão alimentam, adubam, fermentam novas idéias, que pululam e vicejam, antes mesmo que as possa controlar, para ruir inexoravelmente em seguida. Seguir construindo sobre a areia, parece ser a sina. Tais fantasias assemelham-se a trepadeira parasita se desenvolvendo rápido demais, sugando a noção da realidade e anulando qualquer ponderação. Como um véu. Uma dança cíclica e frenética, alternando entre erigir castelos e botá-los abaixo em seguida. Entre latência e arritmia. Uma droga. E aumento a dose.


Lívia Santana.
Uberlândia - 11/2004.

Um comentário:

Rodrigo Novaes de Almeida disse...

Ôbaaa! Começou! Maravilha! =)

Beijos.

 
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